Uma breve reflexão sobre o amor!

Ou melhor, uma breve implicância com teorias amorosas em geral.


Sem querer começar a coluna com afirmações categóricas nem nada, sobre poucos assuntos conhecemos tão pouco e falamos tanto como o amor. Ninguém sabe dizer muito bem o que ele é, mas, mesmo assim, criamos hipóteses, damos conselhos, inventamos regras sobre ele em todo lugar: nas músicas, nos filmes, nas caixas de cereal (juro: já vi uma coisa do tipo "dicas para se dar bem numa relação amorosa" numa caixa de cereal). Ate aí, beleza: ninguém sabe muito sobre Deus e é superlegal conversar sobre isso. Mas acabam saindo teorias que são, no mínimo, bem questionáveis.
Uma das que eu acho mais loucas é aquela que fala que, "amor, só uma vez na vida". Minha tia Rosa, que é viúva, fala isso. Há dez anos. Acho lindo, mas, na boa, a vida amorosa da minha tia não é modelo para todo mundo! Conheço quem teve um amor, e quem teve dez. Claro, tem gente que teve dez e vem com frases do tipo: "Ah, mas é que só esse décimo é amor de verdade." Acho tão desnecessário. Amor de verdade é aquele que está sentindo...
Aliás, esse negócio de medir/pesar/calcular o amor também é chato. Não sei o que amor é, mas sei que não são se mede ou se calcula como, digamos, altura e área do triângulo. Aliás, acho ruim qualquer teoria que compare à área do triângulo. Por isso, não sei qual é o ponto de falar coisas como "eu amava mais o B do que o A ou, pior, "Eu amo o C mais do que você ama o D". Argh!
Outra coisa que costuma dizer sobre o amor é que ele é diferente da paixão. Que paixão é uma coisa louca, passageira, insana e amor é calmo, duradouro e morninho. Nada contra fazer essa distinção, usando uma palavra para uma coisa, da mesma forma que a gente fala "purê" quando a batata está amassada e só "batata" quando ela está inteira (certo, péssimo exemplo). O que acho chato é quando vejo pessoas praticamente brigando para ver quem está certo, sabe? Ou, mais chato ainda, quando vêm com regrinhas: "Não, você não entendeu! Amor é isso, paixão é aquilo". Cada um usa as palavras do jeito que quiser, né? Não é prova de gramática.
Da mesma forma, não curto quando alguém vem com esse papo de que amor que é amor é para sempre. Até entendo que a pessoa que fala isso considere que só vai ter amado quando tiver sido para sempre (e seria coerente se ela só dissesse "Eu te amo" só lá pelo final da vida, com uns 90 anos, né?) mas daí a falar que tooodo o reino do amor tem que obedecer a esse requisito... Acho que até já falei isto aqui: não é porque o chocolate acabou que ele deixa de ser chocolate. Adoro esse exemplo!
"Bom, Lili, desse jeito fica difícil conversar sobre amor", você pode me perguntar (ou melhor, você não está perguntando nada e eu inventando). Será? Ninguém sabe direito o que é o amor, mas todo mundo já amou, ou vai amar. E é muito gostoso falar sobre nossas experiências. Assim como é gostoso criar teorias loucas, conceitos nada comprovados, algumas regrinhas - como todo mundo, eu também faço isso.
Mas só por diversão, vai. Não dá para levar a sério. Porque, quando o amor bate, todos esses cálculos vão para o alto, levando com eles, felizmente, a área do triângulo e de qualquer outra figura geométrica.
Liliane Prata.

Obs: Agora, vamos criar um debate pelos comentários... Diga-me você, leitor, sua reflexão sobre o amor! Seus conceitos, opiniões, críticas, virtudes... Abraço, Raquel M.